VIÑA DEL MAR, Chile (Reuters) - A frustração era evidente, estava estampada no rosto de cada um dos jogadores do Brasil após a perda da vaga nos Jogos Olímpicos de Atenas. Os motivos do fracasso, porém, nem eles conseguiam explicar.

"É difícil falar o que faltou. É complicado falar em um momentos desses. Só depois de colocar a cabeça no travesseiro é que vamos encontrar uma justificativa", afirmou o zagueiro Edu Dracena, capitão brasileiro no Pré-Olímpico do Chile.

O volante Paulo Almeida ainda estava perplexo. "É difícil explicar o sentimento. No momento passa um milhão de coisas pela cabeça. Estamos tristes por não termos conquistado o objetivo."

Na saída do vestiário do estádio Sausalito, em Viña de Mar, os atletas, cabisbaixos, pouco falaram, apenas balbuciaram algumas frases. Alguns deles, como Marcel, Dagoberto, Daniel Carvalho e Alex nem quiseram parar para falar com a imprensa.

Um torcedor brasileiro, com a camisa de uma torcida organizada do Corinthians, ainda provocou tumulto na entrada do ônibus. Ele protestava contra a atuação do time na derrota de 1 x 0 para o Paraguai e recebeu como resposta gestos provocativos de Marcel.

O goleiro Gomes foi o único que chorou ao comentar a perda da vaga. "Está doendo porque era uma chance que ninguém aqui vai ter de novo. Era a maior oportunidade da minha vida."

Na verdade, o meia Diego terá idade para disputar mais um Pré-Olímpico. Ele fará 23 anos em 2008, quando acontecem os Jogos de Pequim.

Após a derrota para o Paraguai, ele parecia nem pensar nisso. O meia do Santos, que não estava na melhor de sua forma física no Chile, disse que aprendeu muito com a disputa do Pré-Olímpico.

"Depois do Pré-Olímpico sou outra pessoa profissionalmente e pessoalmente. Foi uma experiência de vida incrível e agora tenho uma noção maior do que é a seleção", disse ele.

"Foi um erro coletivo, não tem outra justificativa. Vontade eu tive, mas a perna não ia, não correspondia. Estou chateado porque o sonho olímpico foi frustrado. Mas estamos sujeitos ao fracasso. Qual foi o grande jogador que não teve nenhum fracasso?", disse Diego, acrescentando que o Brasil "não é mais favorito" nas competições que disputa.

Outros atletas diziam frases de efeito na tentativa de levantar o moral. "Bola para frente, temos que levantar a cabeça", declarou Robinho, que teve um aniversário amargo.

"Infelizmente a vida é assim. Todos estão tristes, mas é bola para frente. Neste momento temos que ter a cabeça no lugar. Aprendemos mais ainda e espero que sirva de lição", disse o volante Dudu Cearense.

Além de ter abalado o grupo que estava no Chile, a derrota para o Paraguai frustra o sonho de jogadores como Ronaldo e Roberto Carlos, que já tinham manifestado a vontade de disputar os Jogos de Atenas.

Por Tatiana Ramil