GUAIAQUIL. Juntos e sorridentes, os Ronaldos sentaram-se para a
entrevista coletiva, ontem, acompanhada até mais com ansiedade pela
imprensa espanhola. Mais do que a dupla da seleção brasileira, o espocar
alucinado dos flashes registrava a imagem do fim de semana. No sábado, o
líder Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho, recebe o Real Madrid, de Ronaldo,
pelo Campeonato Espanhol. Os dois ainda disputam o título de melhor
jogador da temporada com outros concorrentes, mas, apesar dos dentes
grandes e do enorme apetite por conquistas, repartem bem a notoriedade.
Ronaldo repetiu que o companheiro merece o troféu de melhor do mundo. Já
Ronaldinho Gaúcho, com humildade semelhante, reconheceu as dificuldades
de exibir com a camisa da seleção o seu futebol exuberante do Barcelona:
— No clube, tenho outra função, mais como definidor das jogadas e assim
sou visto de outra forma. Na seleção, funciono mais como armador, como
pede o treinador. Cada jogo é uma história e procuro aproveitar da
melhor forma as oportunidades que tenho.
E já aproveitou na opinião do companheiro. Para Ronaldo, o fenômeno da
temporada é seu xará gaúcho:
— Não por amizade, mas por tudo que ele fez em campo, eu daria a bola de
ouro para o Ronaldinho.
Antes do clássico, cabeça está no jogo contra o Equador
Em campo, ainda vão trocar passes hoje. E seguem juntos no vôo fretado
que os levará para a Espanha. No sábado, a rivalidade histórica naquele
país vai pôr uma fronteira na velha amizade.
— Ainda não estou pensando no clássico, primeiro tenho que dar o máximo
pela seleção. Depois, sim, vamos entrar no clima — disse Ronaldo,
endossado pelo companheiro.
Apesar das semelhanças, os dois vivem em atmosferas distintas. Em
Barcelona, o sucesso de Ronaldinho faz os catalães lembrarem-se de
Maradona, antigo ídolo do clube. Em Madri, Ronaldo não suscita a mesma
adoração. No futebol, a capital espanhola se curva aos pés do
centroavante Raúl, jogador da cidade, com parcas glórias fora dela. As
estranhas preferências da torcida deixam Ronaldo, reverenciado em todo
mundo, saudoso. Mas agora a camisa grená e azul é de outro Ronaldo. (
P.M.G.) |