A decisão unânime da diretoria
do Real Madrid de demitir o técnico Vanderlei Luxemburgo provocou comemorações
no vestiário do Real Madrid.
Segundo a imprensa espanhola, "há jogadores festejando porque a divisão era
clara: o clã dos brasileiros de um lado, o resto do outro". Com a saída de toda
a comissão técnica, o comentário que mais se ouve no clube nesta segunda-feira é
o do começo do fim da era brasileira no Real Madrid.
O editor da seção Real Madrid do jornal esportivo Marca, José Félix Díez,
preferiu não dar nomes de atletas, mas disse que o ponto mais evidente desse
racha foi a polêmica das comemorações dos gols.
A cada celebração, os brasileiros corriam para um lado com as coreografias
ensaiadas, chegando até a afastar algum companheiro de time na hora dos abraços.
"A divisão era clara. O melhor exemplo foi a besteira da comemoração da barata (jogadores
imitando baratas, deitados de bruços, mexendo pernas e braços). Eu tenho certeza
de que há jogadores no vestiário celebrando agora essa demissão", disse Díez na
Rádio Marca.
O zagueiro espanhol Ivan Helguera foi o primeiro a reconhecer o mal-estar do
plantel por essa divisão, confirmando que o vestiário estava incômodo com a "panelinha"
dos brasileiros.
"Não parece que jogam em equipe. Isso de comemorar gols só entre eles é uma
falta de respeito ao time porque, quando um marca um gol, o gol é do Real Madrid,
é do time todo. O clã prejudica o time", disse o zagueiro.
O atacante Ronaldo, inventor das coreografias, defendeu o técnico brasileiro,
afirmando que "falta paciência no Real Madrid", e acusou a torcida espanhola de
reclamar mais do que ajudar o time.
"Os torcedores têm que compreender e apoiar, em lugar de ir ao estádio a cada
domingo para se queixar. Nós jogamos para ganhar, não para perder ou ficar de
brincadeira!", disse o "fenômeno".
As especulações no clube agora são sobre a situação de Ronaldo e Roberto Carlos.
O Real Madrid está interessado no atacante Adriano do Inter de Milão, e Roberto
Carlos pode ter o contrato rescindido no próximo dia 30 de junho, segundo fontes
no clube, porque está insatisfeito.
Com a saída de Luxemburgo caiu toda a comissão técnica brasileira: os auxiliares
Paulo Campos e Marco Teixeira, o preparador físico Antonio Melo e a
nutricionista Patricia Teixeira.
O treinador carioca é o quinto técnico demitido do Real Madrid em dois anos. Só
para a atual temporada, o clube gastou 87 milhões de euros, cerca de R$ 250
milhões.
Os possíveis substitutos mais cotados para o lugar de Luxemburgo são o francês
Didier Deschamps, do Monaco, o italiano Fabio Capello, da Juventus, e os
espanhóis Javier Irureta e Victor Fernandez, atualmente desempregados. |