Foram menos de cinco minutos, mas o
suficiente para a loira Sheila Soares, 29 anos, nascida em Natal (RN),
virar o maior destaque do período de preparação da Seleção Brasileira
para a Copa do Mundo da Alemanha. A ex-dançarina de boate, há 10 morando
na Suíça, invadiu o campo de treino e abraçou o meia-atacante Ronaldinho,
nesta sexta-feira.

"Não sabia para onde correr. Eram muitos
homens", contou Sheila em entrevista ao Terra. Segundo ela, o jogador
escolhido, Ronaldinho, foi muito simpático e disse a seguinte frase: "Já
que você está aqui, vamos rolar na grama". Sheila disse ainda que tinha
ingresso para ver o treino. Quando indagada por que estava com uma
credencial no peito (identificada em uma das cenas transmitidas via
satélite pelo Terra), a hoje comerciante disse que ganhou de um amigo e
era um passe de imprensa.
Depois da invasão, Sheila foi algemada e jogada num carro policial, onde
teve uma crise de asma. Ao chegar à delegacia, ganhou um lanche de pão
com queijo e um refrigerante da polícia antes de ser liberada, sem pagar
multa, ao contrário do que foi informado pelos policiais. A loira deixou
Weggis e seguiu para Zurique, onde vive e tem uma boutique. Passou em
casa rapidamente e seguiu direto para um bar. Tomou champagne com os
amigos, comemorou a fama instantânea e anunciou que viaja neste sábado
para o Brasil, onde vai buscar novas peças para a loja de roupas.

Confira a entrevista na íntegra.
Terra: Por que você decidiu invadir o campo?
Sheila: Sempre acompanho as entrevistas do Ronaldinho, ele é muito
humilde e simples. Tentei um autógrafo dele e não consegui. Por isso
resolvi entrar no campo. Vou levar esse abraço para o meu filho, que é
louco pelo Ronaldinho. Não consegui passagem para que ele viesse à Suíça
vê-lo de perto. Meu filho me chamou de louca, mas está muito feliz.
Agora estou pensando melhor... Que loucura que eu fiz!
Terra: O que o Ronaldinho te disse?
Sheila: Foi muito simpático. Ele disse: "Já que você está aqui, vamos
rolar na grama".
Terra: Você já havia tomado alguma atitude parecida antes?
Sheila: Nunca. Normalmente, sou muito certinha. Uma vez ou outra, me
envolvi em alguma discussão, mas nada parecido com isso. Para mim, o que
vale é a beleza interior, e com o Ronaldinho é assim. Também gosto muito
do Roberto Carlos, gritei muito o nome dele da arquibancada. Quando
invadi, fiquei em dúvida na direção de quem correr. Eram muitos homens.
Acabei decidindo pelo Ronaldinho, que era o mais próximo.
Terra: Como você veio parar na Suíça?
Sheila: Vim com um contrato para dançar em boate, fazer shows. Passei
dois anos dançando, casei com um suíço, saí da boate e hoje sou
empresária. Meu nome é bastante conhecido aqui.
Terra: Quando você chegou, foi diferente do que tinha imaginado pelo
contrato?
Sheila: Sim, um pouco. Por exemplo, era obrigada a beber champanhe. Mas
aqui é tudo numa boa, não tocam em você, você não faz nada que não
quiser. Nunca fiz programa, até porque, se te pegarem fazendo programa,
multam e mandam embora do país.
Terra: Você já sofreu discriminação na Suíça?
Sheila: Sim, já sofri. Eles pensam que todos os brasileiros são iguais.
Ficam com aquela história de que as mulheres são quentes e só pensam em
dinheiro, mas não é assim. Estou aqui porque gosto. O país é bonito, e o
pessoal é gente boa. Minha mãe e minha irmã vieram para cá e também
casaram com suíços, a família toda está aqui. A maioria acha que toda
mulher brasileira é sinônimo de sexo, mas não é verdade. Tem gente, como
eu, que vem aqui buscar uma condição melhor de vida.
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