Em meio a toda a pompa de sua apresentação oficial ao Corinthians, no fim da
manhã desta sexta-feira, em uma entrevista coletiva muito concorrida no Parque
São Jorge, o atacante Ronaldo fez questão de ressaltar que chega ao clube para
ser "mais um", sem nenhum privilégio, e disse não acreditar que sua presença
possa criar clima de ciúme no elenco.
Além de mais de 300 jornalistas do Brasil e do exterior --até a TV Al Jazira, do
Qatar, estava lá--, torcedores encheram as arquibancadas da Fazendinha para
receber o atacante, tratado como uma das principais contratações da história do
time. Até a tradicional sirene foi reativada para anunciar a chegada do astro.
"Eu nunca tive este tipo de problema em clube nenhum e nem na seleção. Já liguei
para o Mano [Menezes, técnico corintiano] e deixei bem claro que sou somente
mais um que está chegando, com direitos e deveres iguais. Não terei privilégios
em relação a nenhum jogador", disse Ronaldo nesta sexta.
Antes mesmo de o Corinthians acertar a contratação do atacante a diretoria já se
preocupava em não melindrar os outros jogadores e não permitir que isso gerasse
reação adversas no grupo.
O jogador, inclusive, disse acreditar que terá que ser até mais esforçado que
seus companheiros porque também será mais cobrado.
"Tenho total consciência de que serei o mais cobrado nos treinos e nos jogos e
não vou fugir dessa responsabilidade", afirmou o atleta de 32 anos, que ainda se
recupera de uma cirurgia no joelho esquerdo realizada em fevereiro, quando era
atleta do Milan.
Os vencimentos de Ronaldo são a maior preocupação dos cartolas para evitar a "ciumeira".
Ele deve receber cerca de R$ 400 mil mensais, entre salário em carteira e
direitos de imagem. O restante de sua renda, que pode chegar a R$ 15 milhões em
um ano, virá da exploração de novos patrocínios na manga da camisa e no calção.
"O Ronaldo vai ganhar 20% a mais que o teto. São 30, 40 jogadores e sei que é
difícil manter a união, mas o que quero dizer é que nenhum jogador é mais
importante que o outro", falou o presidente Andres Sanchez.
Também para evitar problemas, outra medida foi compartilhar o fisioterapeuta
Bruno Mazziotti que, a princípio, seria só do atacante. Segundo o médico Joaquim
Grava, consultor do clube, o salário de Mazziotti será pago pelo Corinthians. "Não
pode ter tratamento diferenciado para não gerar ciúme", disse. |