Seria apenas mais um jogo típico das fases iniciais da Copa do Brasil. Uma
equipe grande, o Corinthians, viajando milhares de quilômetros para
enfrentar um pequeno time do interior do país, o Itumbiara-GO. Seria, se não
estivesse em campo o clube que se tornaria o campeão daquele torneio. Seria,
se ali, naquele pequeno estádio de Itumbiara, em Goiás, não estivesse um tal
de Ronaldo Luís Nazário de Lima. Depois de 384 dias, o Fenômeno, recuperado
de uma grave lesão no joelho esquerdo, voltava a disputar uma partida
oficial – a primeira com o manto do Sport Club Corinthians Paulista, aquele
que escolheu para vestir até o fim de sua carreira.
O duelo se desenrolava no gramado do estádio Presidente Juscelino Kubistchek,
que não apresentava lá suas melhores condições, enquanto as atenções se
voltavam quase que unicamente para o banco de reservas. Lá estava o herói do
penta, bicampeão mundial com a seleção brasileira e maior artilheiro da
história das Copas. O placar marcava 2 a 0 para o Timão, resultado que
eliminava a necessidade de um confronto de volta na competição nacional, mas
isso pouco importava no momento.
Os 67 minutos de espera se arrastaram lentamente. Todos de olho em Ronaldo,
que, finalmente, foi chamado por Mano Menezes para substituir Jorge Henrique.
Por ironia, ele entrava no lugar daquele que é hoje seu parceiro no ataque.
Começava ali, de fato, o tão esperado “2009 Fenomenal”.
Os pouco mais de 20 minutos em jogo não passaram despercebidos. O camisa 9
tentou, se esforçou e deu trabalho para a zaga adversária, mas não marcou. O
Corinthians também não. O placar ficou como os que adoram futebol: estático,
como se apenas observasse a volta de um dos maiores jogadores da história do
esporte.
Daquele ponto em diante, Ronaldo e Corinthians passavam a escrever uma
história de amor recheada por 24 gols em 42 jogos e os títulos do Paulistão
(invicto) e da Copa do Brasil – ambos com atuações decisivas do atacante.
Desde aquele 4 de março de 2009, foram 3361 minutos em campo, sete cartões
amarelos, 20 vitórias, 12 empates e 10 derrotas – aproveitamento de 54% dos
pontos.
Por algum motivo, o destino quis que sua volta ao futebol fosse em Itumbiara.
Porém, como uma obra perfeita deste mesmo destino, o próximo rival era o
Palmeiras, em Presidente Prudente. O que aconteceu, todos se lembram bem... |