Ronaldo confessou ontem que não suporta
mais o ambiente do futebol. "Estou de saco cheio", disparou o Fenômeno
durante o Footecon 2010 no Rio de Janeiro. Contraditoriamente, o
centroavante do Corinthians define o meio em que atua como a grande
paixão da vida. "No ano passado, tínhamos oito tipos de grama em um
campo só lá no Parque São Jorge. Era praticamente um estudo sobre gramas",
exemplificou.
O atacante procurou demonstrar muita sinceridade ao expor tantas
confidências ao público presente. "Não discuto, não gosto de ver jogo na
TV, mas é a minha paixão. Falo e respiro isso há 16 anos, mas há
circunstâncias como essa em que precisamos debater. Acredito que a gente
pode contribuir para melhorar o nível", declarou o artilheiro, ao se
referir principalmente à cansativa rotina do alto rendimento.
Apesar de tudo, Ronaldo garante que irá começar 2011 como se fosse o
primeiro ano de uma bem-sucedida trajetória no circuito nacional e
internacional, sem contar o currículo de um dos maiores talentos de
todas as Seleções Brasileiras. "Vou me dedicar ao máximo. Ainda quero
alcançar muitas conquistas para retribuir a tanto carinho", avisou.
Ronaldo usou o clima favorável do congresso internacional de futebol
para sugerir futuras atividades pessoais. Uma delas é sair em defesa da
categoria. Sobraram críticas às entidades que deveriam proteger os
atletas. "Se eu entrar será para mudar tudo. Entraria forte. Faria
história", afirmou.
Ele admitiu que concordaria em assumir cargos importantes na esfera
esportiva. "Eu toparia desde que pudesse mandar. Compraria essa briga e
a dor de cabeça porque a nossa classe é muito injustiçada. A fama é que
todo jogador é rico, mas os números mostram o enorme desequilíbrio",
argumentou.
Segundo ele, 95% dos profissionais recebem menos de um salário-mínimo e
apenas 3% têm remuneração superior a R$ 10 mil. "Lembrei ao presidente
Lula e ao ministro da Previdência (Carlos Eduardo Gabas) que os atletas
não têm aposentadoria".
Nos bastidores, o presidente Andrés Sanchez admitiu ontem o retorno de
Antonio Carlos Zago para substituir o demissionário Mário Gobbi como
diretor de futebol do Timão. Quanto à lista de prováveis reforços, um
nome praticamente certo é o do zagueiro Wallace, 23, do Vitória. |