06/06/2011
Ronaldo elege sucessor para camisa 9 da Seleção: 'Neymar é o futuro'
Ronaldo recebe do filho Ronald a
camisa da Seleção (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Na última entrevista coletiva antes do adeus, Fenômeno fala das dores no corpo,
diz que não se acha insubstituível e promete despedida pelo Timão
Na última
entrevista coletiva antes da despedida oficial da Seleção
Brasileira contra a Romênia, Ronaldo garantiu que o povo
brasileiro não vai ficar órfão de um camisa 9. O Fenômeno já
elegeu o seu sucessor: Neymar. O atacante, que participou no
início da noite desta segunda-feira de um evento de um de seus
patrocinadores no Museu do Futebol, em São Paulo, mostrou-se um
fã do craque do Santos, de apenas 18 anos.
- Sem dúvida passaria a minha coroa para o Neymar. É um jogador
com um talento imenso, tem muita margem para melhorar. Em muitos
sentidos. Técnicamente e fisicamente. Mas o Neymar para mim é a
aposta do futuro - disse.
Ronaldo recebeu das mãos do filho Ronald a camisa que vai usar
em campo na despedida da Seleção Brasileira. Com a tag #prasempre
acompanhada com o número 9 e o apelido "Fenômeno" nas costas. Um
dos momentos mais emocionantes da entrevista foi quando Ronaldo
falou que não conseguia mais seguir jogando por causa das dores
que sentia no corpo. Aos 34 anos, o Fenômeno garantiu que
sonhava disputar a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Mas foi
vencido pela idade.
- Queria jogar muito mais tempo. Mas sem sentir dor. Queria
jogar a Copa de 2014 aqui no Brasil. Nossa! Como queria (pausa).
Sei que para muitos jovens poderia ser uma pressão enorme por
causa da obrigação de vencer. Mas para mim não. Já estou
acostumado com isso. Gosto disso. Desses momentos. Mas o tempo
chegou... não deu... Mas foi tudo sensacional. Foi incrível -
disse Ronaldo, que brincou com a atual forma física ao ser
questionado se ficar apenas 15 minutos em campo na despedida
contra a Romênia não seria muito pouco para um jogador como ele.
- Quinze minutos é tempo pra caramba para mim atualmente.
Comecei uma mini preparação para este jogo há duas semanas. E a
cada treino que fazia tinha que ficar um dia descansando. Porque
sentia dor em tudo que era lugar no corpo. Não tinha jeito.
Depois do treino (desta segunda) pedi, por favor, ao doutor (José
Luís) Runco para me dar um injeção de algo bem potente porque
estava cheio de dor. Falei que não importava mais com o
antidoping porque se fosse pego já estaria aposentado mesmo (risos).
Mas ele só me deu um antiinflamatório (risos) e espero jogar os
15 minutos porque para mim já é muito tempo (risos) - disse
Ronaldo, que se queixou de dores na virilha após o treinamento.
A partida contra a Romênia, nesta terça-feira, no Pacaembu, não
vai ser a última chance de o torcedor brasileiro ver Ronaldo em
ação. O atacante também prometeu uma despedida oficial com o
Corinthians, provavelmente ainda este ano.
- Vou fazer ainda uma despedida pelo Corinthians. Mas ainda não
tenho previsão. Só fiz o anuncio. Quero ter ainda esse contato
com a torcida do Corinthians.
Bem-humorado em alguns momentos, mais reflexivo em outros,
Ronaldo falou da sua longa relação com a Seleção Brasileira.
- Minha relação com a camisa 9 da Seleção foi de muito amor. Eu
servi à Seleção com muito amor, com muita dedicação, com muita
entrega. Estou muito honrado por tudo o que fiz. E não tenho a
pretensão de ser insubstituível. Com certeza vai aparecer um
outro grande jogador e o brasileiro não vai ficar órfão de um
outro grande craque. Estou muito orgulhoso de ter concluído esta
minha etapa. E espero que amanhã (terça-feira) seja uma grande
noite e espero retribuir com algum gol. O treino já me deixou
bem dolorido, bem cansado. E espero que seja uma grande noite e
que todos vocês consigam se divertir e eu também - disse.
Ronaldo admitiu que vem sentindo emoções diferentes nestes
momentos finais com a Seleção Brasileira. O jogador foi
homenageado pela CBF, encontrou os antigos companheiros, voltou
a treinar com a amarelinha. Uma rotina que não vivia desde 2006.
- É uma emoção muitro grande que eu estou sentindo esses dias. E
quero agradecer a todos pela presença. Vocês participaram da
cobertura da minha carreira inteira. É uma honra ter servido à
Seleção Brasileira. E adoraria que esse momento teria durado
muito mais. As homenagens mostram o sucesso que eu fiz dentro de
campo. Tudo o que eu fiz pela Seleção Brasileira, pelos clubes...
Então faz tudo o que passei na minha vida, todas as dificuldades,
todos os obstáculos ter valido a pena - garante.
Sobre o fato de nunca ter marcado um gol em uma partida oficial
no Maracanã, Ronaldo brincou...
- Mas eu fiz, sim! Em um jogo da Seleção Sub-16 contra o
Fluminense. E em muitas peladas também fiz muitos gols lá -
disse Ronaldo, que lamentou não ter provas. - Eu não tenho vídeo
disso. Tinha acabado a pilha (risos).
Por fim, Ronaldo voltou a falar sobre o momento mais difícil da
carreira: a derrota para a França na final da Copa do Mundo de
1998 após sofrer um ataque epilético no dia da decisão.
- Sobre 98 eu encaro como deve ser o esporte. Um jogo que não dá
para ganhar sempre. E acredito na justiça do esporte em que o
melhor sempre vence. Não foi daquela vez em 98. Talvez por causa
daqueles problemas todos. Nunca vamos saber. Mas 2002 chegou tão
rápido que apagamos tudo com uma borracha que nem deixou
vestígio.